Formação: Entrevista a Sérgio Alves

Prosseguimos com o ciclo de entrevistas no âmbito da formação, esta semana com o guarda-redes dos Juniores, Sérgio Alves.

Entrevista

Quem te vê pensa que tu és "Belém desde pequenino" tal a forma entusiasta como apoias as equipas quando não jogas
É natural. Sinto-me como nunca me senti antes em qualquer clube. Aqui existe gente boa gente que nos apoia e acarinha e isso é fundamental para me fazer sentir assim. Por outro lado para mim é uma grande honra representar este emblema. E como para mim as coisas acontecem de forma natural sou espontâneo e por vezes não consigo disfarçar o orgulho que sinto em ser jogador do Belenenses.

Fizeste parte de uma equipa de Juvenis que era uma constelação de "estrelas", uma geração de ouro. Uns continuam cá, outros foram para outros clubes, alguns já são seniores.
Lembro-me perfeitamente dessa equipa; éramos uma equipa que trabalhava de forma determinada com muita força de vontade e que trabalhava muito para o colectivo. Uns saíram, outros ainda cá estão no grupo de juniores e até mesmo alguns na equipa sénior. É demonstrativo da qualidade que havia.

Como vieste cá parar da primeira vez?
Tinha sido dispensado do Sporting na passagem ao escalão juvenil e decidi vir fazer uns treinos ao Belenenses. Gostaram de mim e fui muito bem acolhido. A partir daí foi tudo como eu mais gosto, formámos uma verdadeira família.

Nessa altura eras um "puto rebelde" e isso sempre te trouxe alguns "amargos de boca".
Sim, era. Não me custa admitir que tinha "pouco juízo" na altura. Era bom no que fazia mas isso não chegava. Acabei por cometer alguns erros que ainda hoje me sinto arrependido e que levaram a que não tivesse ficado até final dessa época. Deu para aprender com os erros mas naquela altura cheguei a chorar de arrependimento.

Mas por outro lado conseguiste ajudar o teu outro amor, o Alto da Eira, a fazer um excelente Campeonato.
Sem duvida um grande amor mesmo. Eu sou muito bairrista e o Alto da Eira é o meu clube de coração. Foi sempre com um grande orgulho quando vestia a camisola do Alto da Eira, sem duvida que sim. Aliás realizámos um excelente campeonato e conseguimos lutar por uma classificação de topo, um objectivo muito para além do inicialmente previsto. Será sempre com muito orgulho que carrego o Alto da Eira no meu coração.

Regressaste a esta casa. Tens consciência que foste, se calhar, o único a quem foi permitido o regresso?
Estou consciente disso e agradeço muito por isso. Para voltar tive que mudar muita coisa na minha vida. Mas para ter o prazer de vestir outra vez a camisola do Belenenses foi com todo o empenho que o fiz. Era o que mais queria, sem dúvida era mesmo a única casa a que queria voltar. Tive outras possibilidades de escolha mas sempre optei por voltar à casa que tanto carinho me deu e de que tanto gosto.

Curioso que também outros Clubes de onde saíste demonstraram interesse no teu regresso. A tua cotação está assim tão alta?
Parece que sim mas isso a mim não me diz nada. Eu quero estar onde me sinto bem e onde esteja por amor. E é onde estou neste momento. Amor ao clube e ás pessoas, mas principalmente Amor a esta Equipa e a este Grupo.

És das poucas entradas num plantel já de si muito forte. Achas que este é «O» Belenenses mais forte?
Acho que sim. Que eu me lembre este é o Belenenses mais forte de todos os tempos. Por isso temos objectivos maiores, mais ambiciosos.

Que objectivos são esses?
É visível para todos e já foi dito por outros. O nosso objectivo passa claramente por vencer o Campeonato de Lisboa e ser Campeão Nacional. É difícil, os adversários são de respeito. Mas nós somos mais fortes e vamos conseguir chegar lá.

Pelo menos uma coisa dá para perceber: o espírito deste plantel é muito grande.
É, com certeza, pois sem isso nada feito. Neste plantel existe acima de tudo humildade e qualidade. Mas existe também muita dedicação, muita determinação, muita união e amizade. Os condimentos necessários para poder aspirar a ser Campeão.

Nota-se muita cumplicidade entre todos os elementos do Grupo. Como se constrói isso?
Como já disse, com muita humildade, dedicação, amizade, muita união e tolerância… Havendo tudo isto há lugar á tal cumplicidade de que fala e tudo se consegue. Este grupo, jogadores, treinadores, seccionistas, directores, formamos uma autêntica família e está tudo perfeitamente solidificado para funcionar como tal. Somos muito unidos e sobretudo muito felizes por sê-lo.

Divides a baliza com um companheiro que é juvenil de 1º ano. Nunca tens o teu lugar em risco.
Isso não é verdade. O Alex é um excelente guarda-redes e tenho o mesmo respeito que teria se ele fosse mais velho. O Alex é uma pedra fundamental nesta equipa e é uma pedra fundamental também na minha evolução, pois com a sua qualidade e motivação obriga-me a trabalhar muito. Nesse sentido é até um poço de humildade e de motivação. Eh, eh, o meu filho Alex é grande guarda-redes!

Entrevista

Oferece garantias de segurança? Está apto a jogar?
Sem qualquer dúvida. É excelente e não tem medo de enfrentar nenhum adversário. Oferece bastante segurança e a prova disso foi o recente jogo contra o Núcleo Alcabideche em que, para mim, foi o melhor em campo. Toda a equipa tem confiança no Alex.

E tu, como te defines como guarda-redes? Quais as tuas características?
Eu acho que sou um bom guarda-redes. Por uma questão de auto-motivação acho inclusive que sou «O» melhor. Estou na recta final da minha formação, tenho ainda muito para aprender, mas para estar neste plantel tenho mesmo que pensar que sou o melhor. Funcionamos assim, e quando nos vamos um pouco abaixo, os 14 puxam-nos para cima, apoiando-nos uns nos outros.
Acho que sou forte na baliza e fora dela. Coloco bem a bola com as mãos e desenrasco-me muito bem com os pés. Acho que sou um bom guarda-redes. E gostaria de dizer que o que sei hoje foi com a ajuda do Mister Ramiro, que foi sempre muito paciente comigo e deu-me sempre bons conselhos e bons ensinamentos. É mesmo, mas mesmo, o Maior.

Pensas na Selecção Distrital?
Claro que penso, faz parte dos meus objectivos individuais. Mas isso só se vai concretizar se eu trabalhar muito e bem no Clube. E é isso que vai acontecer pois vou-me "matar" para lá chegar.

É conhecida a tua admiração pelo teu ídolo, Marcão. Ainda conviveste com ele no Belenenses. Como era?
Era mágico. Ele estava sempre pronto para ajudar os mais novos que iam treinar aos Seniores. Ele é meu ídolo por muitos motivos: por ser o melhor, pela sua humildade, pela sua camaradagem. Era tudo mágico com o Marcão e é uma grande inspiração para mim como calculo que o seja para muitos. Deixo um forte abraço ao Marcão e desejo-lhe tudo de bom na vida.

Deixou marcas nos Seniores. Achas que lá chegarás?
Pois esse é um outro grande objectivo. A Equipa Sénior do Belenenses sempre teve grandes jogadores, dos melhores e eu irei trabalhar para o ano poder lá estar, para ser opção, para poder ajudar o Clube. Seria uma honra.

Qual a melhor recordação destes tempos de futsal?
Curiosamente o melhor momento foi seguimento do pior. E este foi claramente o momento em que fui dispensado dos Juvenis do Belenenses. A minha cabeça andava a mil, com vários problemas e sair foi claramente um balde de água fria muito grande.
Consegui sair desse momento triste com a possibilidade de poder ajudar o Alto da Eira a subir de divisão. Assim foi e na época seguinte aquela magnifica época que irá ficar na história do Clube. Fomos os únicos a conseguir ganhar aos campeões nacionais. Foram momentos muito bons e que jamais esquecerei. Foram também esses momentos que me fizeram crescer e possibilitar o regresso ao Belenenses.

Qual o melhor 5 com quem jogaste?
O actual. Poderiam ser feitos vários 5 com os jogadores do plantel que seriam muito fortes. Mas o mais forte seria com certeza este: Eu, Fred, Pauleta, Barros e Hugo. Mas o melhor jogador júnior e que cabia aqui como uma luva é o meu Amigo Ivo Oliveira.
O Campeonato de Juniores tem jogadores muito bons, o que é excelente, mas a minha escolha seria sempre esta, pois os meus colegas são formidáveis.

O que esperas da prestação da selecção neste mundial?
Espero uma boa prestação. Portugal tem excelentes jogadores para poder atingir o objectivo de conquistar o mundial. Resta saber se esse objectivo existe. Sei que não é fácil, mas como jogador da modalidade acredito.

Queres deixar uma palavra aos adeptos do Belenenses?
Quero deixar um enorme obrigado pelo apoio que tenho e temos recebido todas as semanas. São uma grande motivação e dão-nos muita força. Acredito que todos juntos vamos chegar ao nosso objectivo de sermos Campeões Nacionais.

Entrevista


Nome: Sérgio Alexandre da S. Alves
Nacionalidade: Portuguesa
Data de Nascimento: 01-04-1994
Idade: 18
Posição: Guarda -redes
Nº Camisola: 1
Clube anterior: Alto da Eira (Juniores)
Clubes representados: Sporting (Juvenis) Belenenses (Juvenis)